TRATAMENTO DE CANAL OU ENDODONTIA? 2 PALAVRAS, 1 ESPECIALIDADE
Se você ouviu do seu dentista ou mesmo sentiu aquela dor de dente que sabia que ia dar em “tratamento de canal”, é possível que tenha ido procurar na internet um pouco mais sobre o assunto. Talvez tenha sido assim, inclusive, que tenha vindo parar aqui no meu site. Assim, dou as boas vindas a você, querido visitante. Bom, se esse realmente foi o seu caso, é provável também que tenha encontrado em muitos lugares o termo “endodontia” como sinônimo ou substituto para “tratamento de canal”. Logo, é possível chegar à conclusão de que ambos significam a mesma coisa. Porém, pode ser que fique a dúvida: “mas o que raios significa “endodontia” e o que isso tem a ver com tratamento de canal?”.
Começando pelo começo, então, esse assunto nos leva às origens das nossas palavras e como elas são construídas. Vou ter que fazer um pequeno retorno às aulas de Português da escola, mas tentando que não fique muito chato. Quem lembra que as palavras podem ser construídas com prefixo, radical e sufixo? E nessa ordem: o prefixo vem antes do radical, que é a parte que contém o significado principal da palavra, e o sufixo, por último. Vamos desmontar a nossa palavrinha, então:
ENDO = prefixo de origem grega que significa dentro
ODONTO = radical de origem grega que significa dente
IA = sufixo de origem grega que remete a estudo ou ciência
Juntando toda essa sopa de letrinhas, podemos concluir que a Endodontia é “estudo ou ciência daquilo que está dentro do dente”. Esse significado é muito explicativo e nos mostra que essa especialidade se dedica ao tratamento da parte interna do dente. Mas o que exatamente se encontra dentro do dente e precisa ser tratado?
De uma forma geral, o dente é composto por duas partes: uma externa (que é a parte branca e dura que enxergamos facilmente na boca) e uma interna (que é o espaço onde se encontra o tecido nervoso, também chamado de tecido pulpar ou polpa dentária; também conhecido como “nervo”, esse tecido é mole e, além das fibras nervosas, também contém vasos sanguíneos e células inflamatórias).
Quando nossos dentes sofrem agressões externas, como cáries, traumas (batidas, fraturas), temperaturas extremas (quentes ou frias), apertamento ou ranger de dentes excessivo, entre outros, o tecido nervoso que está nesse espaço interno do dente pode se tornar inflamado. Nas situações em que essa inflamação se torna muito importante, o dente começa a doer de forma mais significativa. Qualquer inflamação que temos em nosso organismo costuma gerar 4 consequências: inchaço, vermelhidão, dor e calor no local. Quando isso ocorre na pele, por exemplo, as consequências não incomodam tanto porque a pele é flexível e se adapta ao processo inflamatório. Como fica a pele inflamada por um machucado? Mais alta, inchada, vermelha, quente e dolorida.
Mas e quando essas consequências da inflamação ocorrem no nervo, trancado dentro da caixinha dura do dente? O nervo (ou tecido pulpar) também incha, porém não tem para onde se expandir. Mas como ele não consegue autocontrolar o processo inflamatório, ele segue tentando inchar e é aí que as “batidas” do tecido pulpar inchado começam a ser sentidas ao entrarem em contato com as paredes duras do dente. Quem já sentiu esse tipo de dor, costuma dizer que sente como se houvesse um “coração batendo” dentro do dente. E é isso mesmo que acontece.
Nesse momento, a endodontia ou o tratamento de canal já está indicado e consiste na remoção do nervo de dentro da parte interna do dente, seguida da sua limpeza e selamento do espaço interno. Se o tratamento não for realizado nesse momento, o tecido nervoso pulpar tende a necrosar (ou seja, tende a “morrer”) e a deixar vazio o espaço interno do dente – também chamado de sistema de canais radiculares.
Esse nome que se refere aos “canais” internos do dente, foi utilizado pois a palavra “canal” é sinônimo de “conduto, caminho ou tubo” e descrevem bem os espaços tubulares por onde percorrem as ramificações do tecido nervoso pulpar dentro do elemento dentário. Pois bem, quando esses espaços ficam “vazios” após a morte do nervo, as bactérias que estão presentes na nossa boca se aproveitam para ocupar esses espaços e se alimentar desses restos do tecido pulpar.
Assim, as bactérias vão sobrevivendo e se multiplicando dentro do dente, até que começam a sair através de um “buraquinho” na ponta da raiz e entrar em contato com a parte externa do dente. Quando isso ocorre, inicia-se um novo processo inflamatório que, apesar de ser externo ao dente, só pode ser tratado com a remoção das bactérias que estão dentro dele. Quando isso é feito através do tratamento de canal, que nada mais consiste do que limpar e lavar o interior do dente, conseguimos matar bactérias o suficiente para que o sistema imunológico do organismo consiga fazer o resto do trabalho na recuperação da saúde do indivíduo. Mais ou menos como ocorre quando tomamos um antibiótico: o remédio não mata 100% das bactérias, mas mata o suficiente para que nosso organismo ganhe a batalha contra elas.
Agora que você já sabe o que significa Endodontia e um pouco de como ela funciona e para quê serve, conte pra mim nos comentários o que achou do post e o que mais você gostaria de saber pra perder o medo do tratamento de canal e ajudar a manter mais dentes em boca!
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